10 May 2015

Rias

Ilha e Ria de Arousa, nas Rias Baixas, Galiza
A definição técnica de ria no dicionário da Porto Editora é um tanto complexa:
«enseada comprida e estreita na costa marítima, provocada pelo movimento isostático de abatimento da terra ou pelo movimento eustático de levantamento do nível do mar, de modo que este invadiu os vales fluviais separados uns dos outros por elevações orográficas oblíquas ou perpendiculares à costa».
Outras definições incluem: 
«pequeno braço de mar que, em forma de baía, penetra no interior da costa; espécie de albufeira»; «braço de rio, que geralmente se presta à navegação; embocadura ou foz de um rio; costa muito recortada e onde o mar tem pouca profundidade»; «desembocadura navegável de um rio no mar; braço de mar que se interna em terra a jeito de rio»; «vale fluvial ocupado pelo mar devido ao aumento de nível deste, à erosão dos rios ou aos movimentos tectónicos».
Aquelas definições aplicam-se mormente às rias galegas. No entanto, em Portugal há pelo menos dois espaços hidrográficos que são diferentes um do outro e diferentes das rias galegas: a Ria de Aveiro, na Beira Litoral e a Ria Formosa, no Algarve; embora de menor dimensão, há também no Algarve a Ria de Alvor.
As rias, do tipo das galegas, fazem lembrar os fiordes nórdicos. A diferença principal está na origem geológica, pois os fiordes devem-se aos glaciares. As rias como a de Aveiro assemelham-se aos estuários baixos, tais como o estuário do Tejo e o estuário do Sado.
Na Galiza, Rias Altas é a denominação que engloba as rias e a costa desde Ribadeo, no limite com as Astúrias, e o Cabo Fisterra. As Rias Baixas correspondem à zona costeira e rias desde Finisterra até à foz do Minho, no limite com Portugal; alguns autores consideram que as Rias Baixas vão só até Vigo. Menos frequentemente é usada a expressão Ria Médias, para a zona das Rias Altas entre a Estaca de Bares (o ponto mais a norte na Península Ibérica) e o Cabo Finisterra. Por outro lado, a zona das Rias Médias é normalmente subdivida entre Arco Ártabro (ou Golfo Ártabro) e Costa da Morte (de Malpica a Finisterra).
Pela sua extensão, algumas rias são por vezes chamadas mares, nomeadamente na poesia, como a Ria de Vigo: «Ondas do mar de Vigo», na cantiga de amigo de Martim Codax; «cercaron-mi as ondas grandes do mar», na cantiga de amigo de Meendinho, na ilha de São Simão da Ria de Vigo. O estuário do Tejo, que é uma espécie de ria, é também chamado Mar da Palha.
Costa Nova do Prado, na Ria de Aveiro, Beira Litoral, Portugal
A Ria de Aveiro é a mais conhecida em Portugal. Esta chamada ria é uma lagoa que constitui o estuário do rio Vouga. Foi originada pelo recuo do mar e formação de cordões dunares no litoral a partir do século XVI. A barra variava entre a Torreira e Mira, por vezes com as dunas fechando completamente a lagoa. Em 1808 foi construído o canal e fixada a atual barra, ficando a ria em contacto permanente com o mar.
A Ria Formosa também não é propriamente uma ria, mas sim uma zona de lagunas e de sapal, separada do mar por várias ilhas barreira constituídas por dunas. Situa-se no litoral sul do Algarve. A ilha da Barreta, também conhecida por ilha Deserta ou ilha do Farol, no extremo sul da Ria Formosa, constitui o ponto mais meridional de Portugal continental.
A Baía de Guanabara, que os primeiros portugueses que a viram chamaram Rio de Janeiro, também se poderia enquadrar no conceito de ria.
O Rio da Prata (em castelhano Río de la Plata), entre a Argentina e o Uruguai, pode ser considerado um golfo do Atlântico ou também uma enorme ria. É originado pela foz dos rios Paraná e Uruguai, entre outros menores.
A palavra ria tem origem em rio, que por sua vez tem origem imediata no latim riu, rivu

Referências
http://www.infopedia.pt/
http://www.priberam.pt/DLPO/
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/
http://www.estraviz.org/
http://academia.gal/dicionario#inicio.do

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