Em
Portugal, a palavra gajo é muito usada na linguagem
coloquial, nomeadamente a falada, mas não é muito bem vista num
registo culto ou mais formal.
No
registo coloquial, informal ou jocoso, gajo é qualquer pessoa
incerta cujo nome se desconhece ou não se quer mencionar; o mesmo
que fulano, tipo, sujeito, indivíduo. Também pode significar
namorado (ou namorada, na forma feminina). Entre outros sentidos
positivos, gajo é usado em frases como por exemplo "um
gajo porreiro".
No
sentido pejorativo ou depreciativo, a palavra gajo tem vários
significados negativos: sujeito à toa, indivíduo velhaco, de baixa
reputação, trapaceiro, astuto, manhoso, pícaro, espertalhão,
ordinário, súcio, finório, malandro, de maneiras rudes e
abrutalhado.
O
uso informal, não ofensivo, ou seja simplesmente um indivíduo, é
mais frequente que o uso pejorativo. O masculino – gajo –
também é mais usado que o feminino – gaja. A forma
feminina tem um sentido mais pejorativo que a forma masculina. Por
outras palavras, é geralmente considerado mais ofensivo chamar gaja
a uma mulher do que chamar gajo a um homem. No sentido
coloquial, não pejorativo, gajo em Portugal é equivalente a
cara no Brasil.
Na gíria cigana do Brasil há também o
feminino gajim. Gajo
é ainda uma palavra usada no Brasil num sentido informal ou jocoso
para designar os portugueses ou indivíduos originários de Portugal. Gajo
ou gajão é uma forma de tratamento respeitosa que os ciganos
no Brasil usam para as pessoas que não são ciganas.
Em Portugal, o verbo gajar é um regionalismo que significa fazer barulho.
Este verbo intransitivo deriva de gajo.
Gajada,
também num registo informal ou coloquial, é uma multidão ou grupo
de gajos ou gajas, ou um procedimento próprio de um
gajo; o mesmo que malta.
Gajedo
é um conjunto de gajas, em linguagem fortemente pejorativa.
A
etimologia da palavra gajo é a derivação regressiva de
gajão ou ganjão. Gajão tem origem no caló
espanhol gachó, do cigano ou romani gadjó, «homem».
Na língua dos ciganos ou roma espanhóis gachó é um
camponês ou homem adulto; gachó (masculino) e gachí
(feminino) referem-se a pessoas que não são ciganas. (O caló
espanhol é a linguagem própria dos ciganos espanhóis, ou um calão
espanhol constituído por palavras e expressões de origem cigana.)
Na
cultura romani (dos ciganos), um gadjo (no feminino gadji)
é um indivíduo que não tem romanipen, ou seja não está
completamente integrado na cultura, leis e tradições dos roma.
Um cigano que não viva dentro da cultura rom também é
considerado gadjo, embora mais frequentemente esta palavra se refira a pessoas
fora da comunidade e etnia cigana.
A
origem da palavra romani gadjo, ou gajo, é
desconhecida, mas poderá significar «camponês» ou «homem» e ter a mesma raíz
de gav, «aldeia». Outra teoria deriva gajo de Ghazi,
um reino na Pérsia e Afeganistão do século XI.
Em
escocês, assim como no Ulster e no nordeste da Inglaterra, gadgie
ou gadge significa «homem». Na Bulgária гадже
(gadje) significa «namorado ou namorada». Em romeno gagic
e gagică significam «namorado» e «namorada» e também «rapaz» e
«rapariga» («garota, moça», no Brasil).
A
palavra gajo não tem relação com gajeiro, o
marinheiro da gávea nos veleiros antigos. Gajeiro deriva do
italiano gaggia, «gávea».
A palavra gajas (nome feminino plural) com o sentido antiquado de salário ou custo também não tem relação com gajo ou gaja. Tem origem no francês gages «salário».
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