A
Galiza é uma nação no noroeste da Península Ibérica,
constituindo administrativamente desde 1978 uma comunidade autónoma
do Reino de Espanha, reconhecida como nacionalidade histórica pelo
seu estatuto de autonomia. A comunidade autónoma galega localiza-se
em parte do território da antiga província romana da Galécia e do
posterior Reino da Galiza (409-1833, de jure).
O
nome da Galiza, ou Galícia, deriva do latim Callaecia ou
Gallaecia (Galécia em português), que foi o nome dado pelos
romanos ao território dos povos gallaeci / callaeci
(em latim), ou καλλαικoι (kallaikói, em grego)
– galaicos em português. Estes terão sido um conjunto de tribos
ou povos de cultura castreja e raiz céltica. O território dessas
tribos galaicas abrangia todo o noroeste e grande parte do norte da
Península Ibérica, em extensão variável, correspondente ao norte
de Portugal, Galiza, Astúrias, Cantábria e Leão.
Têm
sido apresentadas diversas hipóteses para a etimologia da Galiza e
dos antigos povos galaicos (gallaeci,
kallaikói).
Algumas suposições combinam a mesma origem para este nome e para o
da segunda parte de Portugal
(de Portus
Cale),
identificando a raíz gal
/ cal
/ kal
em ambos os casos. Entre as várias hipóteses podemos encontrar as
seguintes:
-
do grego καλλισ (kallis), “belo”; ou γάλα
(gala), “leite” ou “brancura”;
-
do latim cale, "quente"; ou callus, “calo”;
ou collis, “colina”;
-
de cala (enseada estreita entre rochedos; curso de água), de
origem celta ou anterior;
-
de Galli ou Gallus;
-
de Γαλάτεια (Galateia), da mitologia grega.
-
dos galli, galeses ou galos célticos, que se teriam
estabelecido na zona do Porto;
-
da raiz indo-europeia g(h)al, “poder, força; dureza, calo”;
-
da raiz pré-indo-europeia kara / kala, “rocha”.
Seja
qual for a origem do nome da Galiza e dos galaicos, a palavra hoje
usada evoluiu em latim de Callaecia para Gallaecia
(Galécia) e Gallicia. Os geógrafos e historiadores árabes
medievais chamaram à Galiza, englobando os reinos cristãos do
noroeste ibérico, os nomes de Ŷillīquiya (derivado de
Gallaecia) e Galīsiya (derivado de Galízia), sendo a última
forma mais usada para a zona específica da Galiza e norte Portugal.
Em
galego-português surgiram as formas Galízia, Galiza e Galícia. No
período medieval do Reino da Galiza, a forma mais usada era Galiza,
como ainda é em português. A partir do século XV, sob domínio de
Castela, passou a ser mais frequente a escrita da forma Galicia,
coincidente com o nome em castelhano. Nos séculos XIX e XX, com o
Ressurgimento / Rexurdimento, voltou a ser usada a forma histórica
Galiza.
Hoje
em dia, conforme o estatuto de autonomia da Galiza, que reconhece o
galego como língua própria do país, assim como o castelhano, o
nome oficial da comunidade autónoma é Galicia.
No entanto, o termo Galiza
é igualmente aceite e legítimo segundo as oficiais Normas Ortográficas e Morfolóxicas do Idioma Galego,
da Real Academia Galega, do ano de 2003. Por outro lado, as entidades
e indivíduos pertencentes à corrente reintegracionista
galega, que considera o galego e o português como pertencentes ao
mesmo diassistema linguístico, usam exclusivamente a forma histórica
galego-portuguesa Galiza.
No
Brasil alguns indivíduos, e inclusive obras de referência, usam o
termo Galícia, ou em simultâneo Galiza e Galícia.
Este terá entrado nos hábitos linguísticos brasileiros por
influência castelhana ou devido à imigração galega no Brasil. O
termo Galícia é considerado barbarismo ou estrangeirismo por
alguns autores.
- Galiza irredenta, Galiza estremeira, Faixa oriental, Franxa Leste, Galiza exterior, são nomes, entre outros, dados aos territórios de língua e cultura galega localizados fora da atual comunidade autónoma da Galiza, nas comunidades das Astúrias e de Castela e Leão. Estes territórios ou comarcas são tradicionalmente os de Eo-Navia, Bierzo e Portelas / Seabra.
- Nova Galiza, em castelhano Nueva Galicia ou Nuevo Reino de Galicia, foi um território do Vice-Reino da Nova Espanha, no México colonial.
- Nova Galiza (Nueva Galicia) foi também outrora o nome do arquipélago de Chiloé, no sul do Chile.
- A Primeira República Galega foi um episódio efémero no dia 27 de junho de 1931, antes das eleições às Cortes Constituintes da II República Espanhola.
- O Dia Nacional da Galiza, também chamado Dia da Galiza, Dia da Pátria ou Dia da Pátria Galega, celebra-se a 25 de julho – dia de Santiago Maior.
- O Dia das Letras Galegas celebra-se a 17 de maio, desde 1963. Todos os anos é homenageada uma figura significativa da literatura galega.
- Em Portugal existem vários topónimos que incluem a palavra Galega(s) ou Galego(s). O anterior nome da cidade do Montijo, na margem esquerda do estuário do Tejo, era Aldeia Galega do Ribatejo. No concelho de Cascais há uma povoação chamada Galiza.
- Galega é um género botânico pertencente à família Fabaceae. Inclui a arruda-caprária ou galega (Galega officinalis).
- Em algumas línguas, inclusive castelhano, inglês e formas de galego-português, o topónimo ibérico Galicia é igual ao da região histórica da Galícia, entre a Polónia e a Ucrânia. O nome da Galícia centro-europeia escreve-se Galicja em polaco, Галичина (Halychyna) em ucraniano e ruteno, Galizien em alemão, entre outras línguas dos povos da região.
Na
imagem superior, quatro bandeiras galegas: a bandeira oficial
institucional da comunidade autónoma, a bandeira civil da comunidade
autónoma, a bandeira com o escudo de Castelao, a bandeira
nacionalista de esquerda.
Na
foto inferior, uma
placa (que antes tinha a palavra Espanha) em Paradamonte, concelho de
Ponte da Barca, província do Minho, Portugal. Foto:
©2005 Francisco
Santos.
Local.: http://goo.gl/maps/NKm1g
No comments:
Post a Comment